Artigo Deserto Verde
A Comissão Regional dos Atingidos pelo Deserto Verde foi criada em 2011 e atinge quatro municípios: Imbaú, Reserva, Ortigueira e Telêmaco Borba. O grupo composto por agricultores, sindicatos, pastorais, CPH, MST e educadores passou a refletir e discutir os impactos causados pelos monocultivos de pinus e eucaliptos nesta região. Famílias abandonaram o campo, em baixo IDH, níveis e escolaridade baixos, conflitos entre monocultivos e agricultores familiares, sombreamento de casas, plantios que prejudicam a distribuição de energia elétrica em dias chuvosos e com fortes ventos, agricultores que perdem seus produtos, e tudo isso acentua ainda mais a pobreza e os conflitos locais. Outro aspecto importante está relacionado as estradas rurais, o município melhora essas vias e os caminhões pesados carregados de madeira destroem as estradas fazendo com que os agricultores sejam novamente prejudicados, tendo dificuldade de acesso e comercialização. Diante de todos esses conflitos convidamos o IFPR – Telêmaco Borba para juntos organizarmos uma pesquisa de campo com mapeamento real da intensidade desses conflitos. E foi ai que identificamos algo mais cruel que não conhecíamos, nos deparamos com duzentas nascentes secas que foram fotografadas e identificadas no mapa do município, identificamos ainda residências abandonadas, falta de confiança dos agricultores, fome e sede, pois temos problemas de falta de agua nas treze comunidades rurais estudas. Foi a partir nesse estudo que passamos a interagir com os gestores públicos, a primeira tentativa foi criar uma comissão mista entre os atingidos pelo Deserto Verde e a Câmara de Vereadores, mas a iniciativa foi sem sucesso. A seguir encaminhamos um projeto de lei de iniciativa popular com mais de seiscentas assinaturas, esse projeto visava disciplinar os plantios de arbóreas exóticas, e novamente os vereadores foram omissos. Durante uma reunião com a presença da empresa madeireira dominante na região