ARTIGO CORPOGRAFIAS URBANAS RELA OES ENTRE CORPO E CIDADE
3004 palavras
13 páginas
CORPOGRAFIAS URBANAS relações entre corpo e cidadeFabiana Dultra Britto – Programa de Pós-Graduação em Dança da
Universidade Federal da Bahia
Paola Berenstein Jacques – Programa de Pós-Graduação em Arquitetura e
Urbanismo da Universidade Federal da Bahia
O processo de estetização acrítico e segregador que faz parte do que se conhece por espetacularização urbana1 - cidade-espetáculo, cidade-cenário - está diretamente relacionado a uma diminuição tanto da participação cidadã quanto da própria experiência corporal das cidades enquanto prática cotidiana, estética ou artística no mundo contemporâneo. Partimos da premissa de que o estudo das relações entre corpo - corpo ordinário, vivido, cotidiano - e cidade, poderia nos mostrar alguns caminhos alternativos, desvios, linhas de fuga, micro-políticas ou ações moleculares de resistência ao processo molar de espetacularização - da cidade, da arte e do próprio corpo - na contemporaneidade. A redução da ação urbana, ou seja, o empobrecimento da experiência urbana pelo espetáculo2 leva a um empobrecimento da corporalidade, os espaços urbanos se tornam simples cenários, sem corpo, espaços desencarnados, o que incita à reflexão urgente sobre as atuais relações entre urbanismo e corpo, entre o corpo urbano e o corpo do cidadão. Da relação entre o corpo do cidadão e um outro corpo urbano poderá surgir outras formas de apreensão urbano-corporal e, conseqüentemente, outras formas de reflexão, de relação e de intervenção nas artes e nas cidades contemporâneas. Quais seriam então algumas alternativas ou desvios possíveis ao espetáculo urbano?
Todas as pistas nos levam para a questão da experiência ou prática dos espaços urbanos.
1 Ver nosso artigo Espetacularização Urbana Contemporânea no número especial “Territórios Urbanos e
Políticas Culturais” dos Cadernos do PPG-AU//FAUFBA (Salvador, 2004), disponível em: http://www.portalseer.ufba.br/index.php/ppgau/article/view/1684 2 Espetáculo no sentido dado por Guy Debord, que diz: “o