artigo cientifico
Artigo Especial
Raciocínio clínico – o processo de decisão diagnóstica e terapêutica A.RÉA-NETO
Departamento de Clínica Médica da Universidade Federal do Paraná, Curitiba, PR.
RESUMO — O objetivo desta revisão é expor as fases e os principais constituintes do processo cognitivo que os médicos empregam no raciocínio clínico das decisões diagnósticas e terapêuticas.
O processo de solução dos problemas clínicos utiliza-se do método científico hipotético-dedutivo de resolver problemas. Tão logo um médico encontra um paciente, várias hipóteses diagnósticas surgem-lhe na mente, as quais são avaliadas e refutadas ou corroboradas. A decisão diagnós-
tica é realizada quando uma hipótese atinge um certo grau de verossimilhança. A decisão terapêutica depende dos objetivos pretendidos e da efetividade esperada entre as diversas alternativas disponíveis.
O raciocínio clínico é uma função essencial da atividade médica 1. Embora o desempenho médico seja dependente de múltiplos fatores, seu resultado final não poderá ser bom se as habilidades de raciocínio forem deficientes2. A eficiência do atendimento médico é altamente dependente da análise e síntese adequadas dos dados clínicos e da qualidade das decisões envolvendo riscos e benefícios dos testes diagnósticos e do tratamento.
Tem havido, nas duas últimas décadas, um grande crescimento na nossa capacidade de compreensão do raciocínio humano e, em particular, do raciocínio clínico. As pesquisas realizadas nas disciplinas da ciência cognitiva, teoria de decisão e ciência da computação têm fornecido uma ampla visão do processo cognitivo que forma a base das decisões diagnósticas e terapêuticas em medicina3.
a uma situação que pode ser verdadeira ou falsa
(embora uma incerteza sobre sua verdade ou falsidade sempre exista na prática). O método hipotético-dedutivo é o procedimento de testagem da hipótese. A hipótese permite a dedução de quais testes podem ou devem ser