Artigo Cacaso Surdina
A SURDINA DE CACASO: A METÁFORA DA MORTE E O ABAFO PRECOCE DAS VOZES DA RESISTÊNCIA
Antonio Carlos de Brito (1944-1987), conhecido como Cacaso, “não era apenas um escritor, mas professor universitário e pesquisador ativo, participando de diversos grupos de estudo com outros escritores, alunos, amigos. Fazia do exercício teórico parte do seu trabalho criativo”(PROVASE, 2010, p.14). Participante e um dos idealizadores da geração mimeografo, também conhecida pela poesia marginal que foi editada e distribuída sem apoios editoriais e consequentemente sem censura, que surgiu na década de 70 foi também um movimento artístico e cultural que privilegiou especialmente a literatura e influenciou diretamente a cultura engajada do país, em um dos momentos mais obscuros que o Brasil esteve mergulhado.
Esse movimento, atuou na “surdina” da Ditadura Militar, já que ela se propunha a "silenciar" toda uma cultura engajada de esquerda, e desta forma agitou diversos ícones culturais que buscavam uma forma de divulgação da cultura brasileira que sofria o “abafo” da censura imposta pelo regime repressivo que vigorava no país, conhecido como anos de chumbo, os anos mais cruéis da história, que perseguiu e "desapareceu" com diversos envolvidos com da cultura engajada e da cultura de resistência.
O poema aqui utilizado tem como título Surdina e dialoga de uma forma sutil com a atmosfera lívida que se criou no período acima citado. A princípio, não se tem em uma observação rápida, de que maneira o período enunciado por Cacaso está nas linhas do poema. É através da história em particular de cada personagem que se forma um contexto histórico e temporal, do período intitulado como Regime Militar(1964-1985).
O eu lírico critica a morte precoce de alguns ícones de um período da Música Popular Brasileira em que: “À dramaturgia da morte de outrora sucede-se a comédia lúgubre da morte contemporânea: o moribundo deve fingir que não vai morrer, e os que o cercam