arte
Prosérpina era filha de Ceres, a deusa dos campos e protectora das colheitas. Um dia, quando a jovem colhia flores com as suas companheiras, sentiu-se atraída pela beleza da flor do narciso. Afastou-se para a colher; mas, antes de lhe poder tocar, uma fenda abriu-se na terra, saindo dela um carro puxado por cavalos negros.
Quem o conduzia era Plutão, deus dos Infernos, que, apaixonado por Prosérpina, a raptou, aproveitando a ausência de Ceres. Quando desta voltou, ao aperceber-se da ausência da filha, procurou-a por toda a parte. Não a encontrando, refugiou-se na sua tristeza, transformando num deserto estéril e gelado prados outrora fecundos e verdejantes.
Algum tempo depois, perante a ameaça que tal situação representava para os mortais, Júpiter, rei dos deuses, resolveu interceder junto de seu irmão, rei dos Infernos, enviando até ele Mercúrio. No entanto, a jovem, tentada por Plutão, enquanto se encontrava no Mundo Subterrâneo, tinha ingerido sementes de romã, quebrando o jejum, pelo que não podia dissociar-se daquele lugar.
Para amenizar o sofrimento de Ceres, Júpiter estabeleceu que Prosérpina repartiria o seu tempo entre os Infernos e a Terra: metade do ano, passá-lo-ia com o marido; a outra, na companhia da mãe.
Assim, enquanto ela está na terra, os campos tornam-se férteis, os prados florescem e as árvores enchem-se de frutos. Quando desce ao mundo dos mortos, a terra cobre-se de luto e a vida parece cair em torpor, Quando regressa à superfície, tudo se renova. É o eterno ciclo da Primavera em oposição ao Inverno, simbolizando, deste modo, a constante regeneração da natureza, o que comummente designamos por quatro estações, tão bem representadas não apenas no universo da arte pictórica, como também no mundo da