arte
Embora tenha sido lançado há quase 80 anos, o livro Arte Como Experiência continua sendo uma leitura atual e extremamente importante. Seu autor, o filósofo norte-americano John Dewey (1859-1952), foi um notório defensor da chamada Educação progressista: dar às crianças condições para que elas encontrem por si mesmas a solução de problemas, em vez de conduzi-las segundo um método rígido e predeterminado. Um dos caminhos nessa direção, segundo Dewey, é estreitar ao máximo possível a relação entre teoria e prática. Outro é garantir aos alunos iniciativa e autonomia - diferentemente da Educação tradicional, que valoriza justo o oposto: passividade e heteronomia.
Publicado nos Estados Unidos em 1934, Arte Como Experiência é o resultado de uma série de palestras ministradas pelo pensador na Universidade Harvard. Com argumentos próprios ao pragmatismo, a escola filosófica que ele ajudou a fundar, Dewey enfatiza a importância de valorizar situações de aprendizagem abertas à investigação permanente do aluno, baseadas em hipóteses que o levam a práticas cuja problematização consciente norteiam sua continuidade. Na visão do autor, isso abre novas possibilidades de experiência, em que realizar, refletir e consumar são atos perenes e coerentes. As atividades se concretizam em finalizações que podem ser percebidas esteticamente pelo sujeito participante - afinal, a ação intelectual está associada à prática criativa.
Essa ideia remete-nos à validação da aprendizagem por meio do que Dewey chama de experiência singular - aquela vivida de forma estética, em oposição a experiências genéricas da ordem da dispersão e da distração. Trata-se, portanto, de uma concepção avessa ao laissez-faire (deixar fazer) praticado por muitas instituições até a década de 1980. Para John Dewey, arte espontânea só existe de fato quando é precedida por longos períodos de atividade - caso contrário, é vazia enquanto ato de expressão. O automatismo, nesse caso, está