arte e escritura
Parte 2 - Cultura e Esquerda
Roland Barthes, ainda tentando designar a obra de TW, define sua escrita como prurido gráfico, isto é, inquietante. Logo, essa escrita se coloca enquanto cultura, pois não se trata mais de uma raridade e sim de algo multiplo e necessário na relação entre mundo e humano.
Nota-se em um de seus trabalhos, a repetição da palavra Virgil que significa em português o nome Virgílio. Nessa obra deixa clara sua comum menção a personagens, poetas e acontecimentos marcantes da Antiguidade. E ao mesmo tempo que se remete a um tempo específico cultural de conservadorismo inglês, invocando a importância do nome, TW o usa como ironia para expressar sua postura mais radical quanto a cultura.
Ao definir TW como um artista de traço esquerdista, o autor refere-se à noção moral, de quase todo o ocidente, de existência de um mundo feito para destros. No qual, o canhoto vira excluído e desajeitado pois é aquele que escreve em garrancho. TW então pertuba essa moral, que existe nele também, já que está inserido nessa cultura.
Essa separação e preferência do lado direito é tratada também no "Poema de sete faces" de Carlos Drummond de Andrade:
"Quando nasci, um anjo torto desses que vivem na sombra disse: Vai, Carlos! Ser gauche na vida"
"A estrofe de Drummond ilustra bem o preconceito contra os canhotos. Em português, canhoto, além de designar quem é mais hábil com a mão esquerda, também quer dizer desajeitado, desastrado. A palavra sinistro, tanto em português quanto em italiano, significa mau agouro ou má índole. Em francês, canhoto (gauche, diz-se gôch) é sinônimo de inepto, sem refinamento."
Além disso, ele ainda liberta a pintura da relação entre mão e olhar pois prefere o que chamo de gesto cego, ou seja, dá lugar a livre expressão.
No entanto, essa liberdade não se refere ao ato de escrever depressa e quase inconsciente que hoje reside em nós, mas sim a uma ação completa, uma paleografia, ou seja, um estudo a