Arte Popular Brasileira
O artista plástico José Alberto Nemer dirigia pela Rua Santa Rita Durão, perto da Praça da Liberdade, quando viu da janela vários quadros enfileirados. Feitas pelo então lavador de carros Valmir Silva, a maioria das pinturas eram cópias de naturezas-mortas conhecidas, mas uma em especial exibia forte originalidade. Quando começou a conversar com Valmir veio à tona a difícil história de quem, entre a lavagem de um carro e outro, usava material precário para pintar. “Chamei um empresário para me ajudar a ajudá-lo. Fomos a uma loja e fizemos um estoque de telas, tintas e pincéis. Cada vez que ele terminava os quadros, comprávamos a produção.” O incentivo mudou a vida de Valmir, que parou de lavar carros, abriu um ateliê e virou artista reconhecido, inclusive vencendo a concorrência da Galeria de Arte da Cemig, ano passado, entre 180 inscritos. Nem todos os artistas populares de Minas têm mesma sorte. À exceção de nomes locais com projeção nacional como dona Isabel e suas bonecas de barro, Ulisses e as figuras de argila antropomórficas, Artur Pereira e os animais e presépios e o escultor GTO com suas mandalas, poucos são os artistas populares que viraram objeto de desejo de galeristas, colecionadores e críticos. A falta de políticas públicas de reconhecimento dessa produção, não raras vezes, interrompe carreiras brilhantes. Muitos, em vez do ofício da criação, como têm origem humilde e precisam sobreviver, deixam o talento de lado ou relegado às horas vagas para se dedicar a outras ocupações. Exemplos não faltam. “Tem sido cada vez mais raro encontrá-los. A vida dos artistas populares é árdua e, para sobreviver, eles têm que ter vários empregos. Assim não sobra tempo para produzir e dar continuidade aos trabalhos”, lamenta a pesquisadora e especialista em arte popular Germana Moro Chaves. Apesar das dificuldades, Minas ainda continua surpreendendo na área. A maioria dos artistas