Arte pop
Chamada por Walter Zanini de “uma década difícil”, no mundo todo os anos 1960 foram marcados pela eclosão de utopias e grandes transformações. O Brasil não foi exceção. A década começou com a inauguração de Brasília, ponto de encontro da audácia política e estética que nesse momento amplificaram-se mutuamente. Lúcio Costa (1902-1998) e Oscar Nienmeyer (1907), que vinte anos antes haviam iniciado com Le Corbuisier a arquitetura moderna no Brasil, fizeram sua construção o marco principal de um processo de renovação que se expandiria para outras áreas.
No âmbito político, a confiança na democracia, que vinha desde 1945, esvaziou-se com a renúncia do presidente Jânio Quadros, em 1961, que levaria numa sucessão de crises, ao golpe de estado de 1964 e às arbitrariedades do autoritarismo militar, agravadas a partir de 1968. Entretanto, também foi o momento de realizações significativas na música, teatro, cinema, literatura e artes visuais, que se enriqueceram com o aparecimento de uma nova geração de criadores inspirados.
Nas artes plásticas, já havia passado o predomínio do concretismo e da abstração geométrica dos anos 1950, mas ainda era nítida a força da abstração informal, reafirmada na 4ª Bienal de São Paulo (1957), com a action painting de Jack Pollock e com os prêmios aos brasileiros, líderes dessa tendência, como Fayga Ostrower e Wega Nery. A representação brasileira na 5ª Bienal (1959) contava com Flávio Shiró, Antonio Bandeira, Iberê Camargo, Manabu Mabe e Yolanda Mohalyi, numa demonstração do prestígio da abstração. Ainda na 6ª Bienal (1963), a importância da abstração seria sensível, mas logo perderia o ímpeto, enquanto uma retomada da figura (humana, urbana, industrial), emprestada agora principalmente de objetos de consumo, ganhava espaço internacionalmente.
No quadro brasileiro, destacava-se a ruptura entre os grupos concretistas do Rio e São Paulo e o surgimento do neoconcretismo. Esse movimento, conduzido por Ferreira Gullar,