Arte na surdina - análise da música durante a ditadura
Os anos ditatoriais, tempos difíceis onde a liberdade de expressão não passava de pura idealização e a arte era o principal meio de transmitir ideias sem que o rígido regime percebesse. Época em que não se podia dizer quase nada, em que a comunicação em lugares públicos era perigosa e em que, no geral, a liberdade de expressão era quase nula, visto que havia policiais à paisana circulando pelas ruas, ouvindo atentamente as conversas alheias, afim de achar cidadãos que eram contra o governo e puni-los. O povo, de diversas formas, tentava escapar dessa triste e dura realidade, principalmente com objetivo de transmitir mensagens ou ideias que eram vistas como anti-ditatoriais ou também como forma de se expressar. Foram com esses dois propósitos que a música popular ganhou mais espaço e relevância no país e, consequentemente, os artistas que as compuseram se tornaram grandes personalidades. Músicos como Chico Buarque, Caetano Veloso, Gilberto Gil, Elis Regina, Raul Seixas, Geraldo Vandré e Milton Nascimento, entre outros, escreveram músicas cujo conteúdo era de crítica ao regime e de aspiração à liberdade. Várias foram reescritas, pois haviam sido censuradas pelo governo. Apesar de algumas obras terem se perdido devido às censuras, uma quantidade significativa dessas músicas passou ilesa ou foram levemente alteradas pelo crivo dos censores, porque esses não encontraram nada que fosse ofensivo ao regime. Entretanto, o conteúdo das estrofes continuou sendo de características anti-ditatoriais. Muitas músicas dessa época ficaram conhecidas por usarem a ambiguidade, a exemplo de Cálice, de Chico Buarque e Milton Nascimento, artifício muito explorado nas músicas deste árduo período, pois essas ambiguidades ”escondiam” o que a música realmente dizia, ou em outros casos eram explicitas mesmo, como É proibido proibir, de Caetano Veloso. As músicas em questão comunicavam não só o que pensavam seus idealizadores, como também explicitavam as críticas da