Arte Kadiwéu
O que aconteceu com a Arte Kadiwéu? Muitos dos objetos artesanais que temos em casa, com figuras geométricas ornamentadas e significados importantes nos passam despercebidos. O que pode nos ser banal, para outras culturas é extremamente essencial. Quando dizemos que um objeto indígena tem qualidades artísticas, podemos estar lidando com conceitos que são próprios da nossa civilização, mas estranhos ao índio. Os “donos do Brasil” e a sua cultura são dados hoje por estatísticas e assunto de pesquisa escolar. Nós simplesmente os esquecemos na correria do dia-a-dia e raramente pensamos neles. Os Ejiwajigi, como se autodenominam os índios Kadiwéu, são apenas 1.346 (Funasa, 2009) e vivem em um território de 538.536 hectares em Porto Murtinho, Mato Grosso do Sul. Para um povo que é considerado “índios cavaleiros”, por sua destreza na montaria, esse espaço parece-me injusto. Sem falar que eles “conquistaram” esse pedaço de terra porque lutaram pelo Brasil na Guerra do Paraguai. Mas, voltemos às questões artísticas... Os desenhos dos Kadiwéus são geométricos, complexos e revelam um equilíbrio e uma beleza que impressionam o observador. Além do corpo, que é o suporte próprio da pintura Kadiwéu, os seus desenhos aparecem também em couros, esteiras e abanos, o que faz com que seus objetos domésticos sejam inconfundíveis. A arte decorativa dos Kadiwéus é produto de uma preocupação estética, de uma busca de embelezamento do corpo. Além desse fim, eles usavam a pintura corporal para marcar a diferença entre os nobres, os guerreiros e os “cativos” (capturados em guerra), ou gootagi (nossos cativos), no dizer Kadiwéu. Atualmente, as pinturas são feitas em dias de festas e continuam usando como tinta o jenipapo misturado com o carvão. Os mesmos desenhos utilizados na pintura corporal são aplicados em couros curtidos de veado, boi ou onça. Encarregadas das