Art Deco

Lígia Maria Larcher Galeffi

PRINCÍPIOS COMPOSITIVOS NAS
LINGUAGENS ARQUITETÔNICAS DÉCO
DESDE A LEITURA DE ALGUMAS OBRAS
DO ACERVO SOTEROPOLITANO

A Arquitetura Déco pôs-se em conexão com diversos itens constituintes da vida moderna.
Realizadas principalmente através do ornamento e do decorativismo, tais conexões não foram contempladas pelos textos que erigiram a noção, até hoje corrente, de Arquitetura Moderna.
As linguagens arquitetônicas hoje referidas por aquele termo foram negligenciadas pela formação discursiva do Movimento Moderno, que inclui a historiografia fundacional e os discursos programáticos desse movimento. Em meados dos anos sessenta, no âmbito da revisão crítica dos discursos da modernidade e de uma abertura estética ao heterogêneo, surge um renovado interesse por essa dimensão da Arquitetura Moderna. Mediante a consideração, em obras do acervo soteropolitano, de uma série de princípios de composição atuantes na
Arquitetura Déco, este trabalho consiste numa tentativa preliminar de formular operadores de leitura adequados à visibilização das referidas conexões.

A orientação racionalista, que presidiu o discurso historiográfico fundacional e, de modo ainda mais explícito, os textos programáticos nele celebrados, não apenas ergueu a noção mais corrente do que seja a Arquitetura Moderna, como também operou um silenciamento acerca das linguagens que exaltaram os tempos modernos, sem se estreitar sob os ditames do racionalismo.

Muitas vezes, sem negar os valores do funcionalismo e as conquistas técnicas da indústria, tais como a produção em série e a padronização, um amplo espectro dessas linguagens propôs o agenciamento de outros itens da modernidade, dentre os quais o decorativismo e os procedimentos ecléticos de apropriação de repertórios visuais ditos étnicos e (ou) exóticos.
Descuradas por aquela historiografia e tendo vivido o seu auge nas décadas de vinte e trinta, essas linguagens arquitetônicas, entretanto,