arquitetura
Annateresa Fabris.
ECA/Universidadede São Paulo
Duas avaliações do ecletismo, que datam dos anos 40 do nosso século, nos ajudarão a entrar no cerne de uma questão que só recentemente tem começado a ser revista, em nome não dos valores funcionalistas e sim da
ideologia própria do século XIX. As duas avaliações que iremosexaminar são essencialmente negativas, mas é justamente sua negatividade que nos interessa porque, a partir dessa categoria, poderemos começar um processo às avessos, que nos permita compreender as razões do ecletismo oitocentista.
A primeira leitura é brasileira, de autoria de Francisco Acquarone, que percebe a arquitetura do século XIXalicerçada no abandono do "colonial verdadeiro" em prol de "uma infinidade de casas horríveis", caracterizadas por platibandas ornadas com compoteiras e bolas. Ao lado delas, destacavam-se
"'fortalezas medievais', cheias de pedras e outros atentados, exibindo fachadas de ladrilhos ou pintadas de 'mármore fingindo'. Sobre os telhados começaram a aparecer em certa época, cúpulas arredondadas, casas que lembravam caricaturas da igreja de São Pedro em. Roma...". Nem mesmo a oportunidade representada pela abertura da Avenida Central conseguiu melhorar a situação: o mestre-de-obras continuava a ser o "senhor absoluto" da arte de edificar, repelindo os arquitetos do campo de ação e impondo seus critérios de
gosto (Acquarone1980: 142-143).
o
Se a análise de Acquarone se pauta por uma visão de superfície, atenta tão somente a valores formais, a de Pevsner, ao contrário, é essencialmente sociológica. As razões do ecletismo devem ser buscadas na reação à
RevoluçãoIndustrial,na ascenção de uma nova classe em busca de status, no crescente individualismo, na nostalgia do "longínquo" posta em voga pelo
Anais do Museu Paulista Nova Série NQ 1 1993
131
1. N. Pevsner
0970:200-:412).Pam
justificara arquitetura pós-moderna,