Arquitetura
Do mesmo modo, tenho chamado atenção para uma das contribuições fundamentais da arquitetura moderna ao pensamento projetual contemporâneo: os conceitos de economia, rigor, precisão e universalidade, de grande valia, ontem, hoje e sempre, como critérios de projeto e da sua verificação (1).
Poucas obras são tão adequadas para exemplificar essas duas afirmações quanto a Loja Forma, projetada por Paulo Mendes da Rocha há mais de duas décadas.
A julgar pelo material publicado, havia duas condições fundamentais no inicio do trabalho. O programa consistia na criação de um espaço para exposição e venda de móveis. E não qualquer tipo de móveis, mas coleções assinadas pelos principais arquitetos e designers do século 20. Além disso, o terreno apresentava como característica importante o fato de estar numa avenida predominantemente ocupada por estabelecimentos comerciais, com um tráfego intenso e rápido de veículos, o que eliminava a possibilidade de que os clientes estacionassem junto às calçadas, e diminuía consideravelmente a probabilidade de que chegassem à loja a pé.
Vista aérea [Google Maps]
Dois aspectos essenciais do projeto construído são absolutamente coerentes com um exame apurado do programa e do lugar em que o edifício se localiza. Por um lado, a forma prismática elementar, que dá ao edifício grande intensidade formal e lhe confere destaque por contraste em meio ao caos visual que caracteriza a avenida Cidade Jardim. Um edifício mais elaborado formalmente se confundiria facilmente com os seus vizinhos, impedindo a sua identificação imediata.
Por outro lado, a decisão de criar uma única vitrine, elevada em relação à rua, garante visibilidade aos objetos à venda do ponto de vista habitual de quem passa