Arquitetura

A Cristalização da Cidade

Nem mesmo um mero aumento numérico bastava para transformar uma aldeia numa cidade, essa mudança requeria um grande desafio. Até o atual período de urbanização, as cidades tinham uma pequena fração de espécie humana.
A cidade surgiu como um emergente na comunidade paleoneolítica, no sentido definido em que Lloyd Morgan e Willian Morton Wheller usaram aquele conceito. E não só aumentando a população, a massa existente, mas também suas propriedades, suas funções. A composição humana se tornou mais complexa, agora não existia só o caçador, o camponês e o pastor, mas também o lenhador, o pescador, cada qual com seus instrumentos, habilidades e hábitos de vida. O engenheiro, o barqueiro, o marinheiro surgem a partir daí. Partindo dessa complexidade, a cidade foi criada como uma unidade superior.
Toda essa mistura urbana resultou numa expansão das capacidades humanas em todas direções. O potencial humano cresceu, e assim teve um certo domínio com transportes entre lugares longes, uma melhora na comunicação por longa distancia, uma explosão de inventividade, crescimento na engenharia civil, e uma tremenda elevação na produtividade agrícola.
Essa transformação urbana também se deu por transbordamento semelhante do inconsciente coletivo. Os deuses familiares locais foram substituídos pelos distantes deuses celestiais ou terrenos, como o Sol, a Lua, as águas da vida, o trovão, o deserto. Até mesmo o chefe local passou a ser o Rei dominante, tornando-se o principal guardião sacerdotal, dotado de atributos divinos ou quase divinos. Os vizinhos passavam a ser manter a distância agora, não sendo mais familiares e iguais.
Até os antigos hábitos e costumes de aldeia foram sendo alterados. Já não era suficiente que o agricultor produzisse alimento para sua família ou sua aldeia, devia agora trabalhar. Na nova sociedade urbana, a sabedoria dos mais velhos não representava a autoridade, foram os jovens de Uruk, que contrariando a opinião dos