Arquitetura
A estrutura discursiva dos tratados pretendia ser concisa e objetiva com temas articulados em uma sequência didáticamente encadeada: a operação arquitetônica do princípio ao fim. Vitrúvio, por exemplo, aponta que “a maioria dos que escreveram sobre arquitetura, não fizeram senão amontoar confusamente e sem ordem alguns preceitos que constituem, por assim dizer, átomos errantes” e assume a tarefa de condensar “como em um corpo perfeito e completo todo o conjunto desta tão importante ciência ordenando logo em cada livro assuntos pertinentes (...)”23. O significado de corpo é o de uma estrutura organizada: um todo composto por partes interdependentes, mas de distintas funções. E foi através desse antropomorfismo, da analogia do mundo com um corpo cuja definição repousava na idéia de organismo, que tanto Vitrúvio quanto Alberti fundamentaram não só a estrutura organizacional dos tratados bem como toda a teoria arquitetônica que propuseram. O método empregado para conhecer a arquitetura só poderia ser, portanto, o da análise racional clássica que fazia necessário dividir o objeto de estudo nos sistemas que o compunham e nas funções desses sistemas.
Vitrúvio poderia fazer suas as palavras que Alberti usou para expor seu método de abordagem: “I begin to handle my subject upon fresh principles. The principles and steps to any subject are found by the division, intent and consideration of the parts whereof that subject consists. (...) so, as we have observed before, the parts of architecture ought to be divided in such a manner, that our considerations upon each of them may be as clear and distinct as possible”24.
A primeira divisão feita por Alberti faz com que a arquitetura, como o corpo, seja um composto de uma parte espiritual, a alma, que era o projeto e outra parte material representada pela concretude da construção. Em Vitrúvio essa partição se traduziu no duo formado pela teoria e prática. Mais minucioso na sua