Arquitetura Contemporânea no Brasil
Luís Henrique Haas Luccas
Este ensaio questiona algumas idéias que vem sendo instituídas como bases da arquitetura atual. Procedem do meio acadêmico, responsável pelo que se pode definir como uma crítica; é notório que o ensino da arquitetura, além da formação de profissionais, realiza a produção intelectual e contribui com a atividade editorial da área, influenciando o ofício e a realidade presente como conseqüência.
Nelson Rodrigues foi sagaz , como sempre, ao sintetizar o saber comum na máxima "toda a unanimidade é burra”. De pleno acordo com o aforismo, o texto diverge do consenso que alça a arquitetura moderna à posição de norte inconteste, único referencial correto. Na contramão do sentido dominante, a reflexão recupera aspectos positivos do período identificado com as idéiaspós-modernistas, como a reabilitação de fundamentos necessários ao exercício acadêmico do projeto: a esta iniciativa podem ser creditadas parcialmente as concepções promissoras que ressurgem na produção brasileira atual.
A retórica exagerada e ingenuidade dos arranjos chamados pós-modernos, conjuntamente com o tom irônico ou jocoso adotado de forma freqüente, foram fatores que desmereceram importantes conquistas daquele momento, entre as quais destaca-se a retomada da composição como disciplina instrumentada, capaz de avaliar de modo mais objetivo a consistência das decisões de projeto. Convergindo no mesmo sentido, a diversidade de referências formais que se tornaram passíveis de aplicação, pôs fim à polarização que ocorria na arquitetura daquele momento, dividida em duas vertentes hegemônicas: de um lado persistia a influência de um segundo "estilo internacional", com os resíduos de um acento construtivo revitalizado no pós-guerra; de outro, o exemplo de brutalismos de diferentes matizes, compondo um espectro que ia da obsessiva ética construtiva ao deslumbramento leviano pela aparência.
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