Arquitectura i
Emil KAUFMANN, Von Ledoux bis Le Corbusier: Ursprung und Entwicklung der Automen Architektur [De Ledoux a Le Corbusier: Origem e Desenvolvimento da Arquitectura Autónoma], Wien: Passer, 1933 capítulo 1 . Claude-Nicolas Ledoux biografia de Ledoux (1736-1806) – o livro L'Architecture Considerée sous le Rapport de l'Art, des Moeurs et de la Législation (a arquitectura considerada no que respeita à arte, aos costumes e à legislação), de 1804, sobre os projectos produzidos por Ledoux entre 1768 e 1789 – a obra de Ledoux no contexto cultural, de ruptura, do seu tempo É precisamente nesses anos – de 1770 a 1790 – que se prepara a grande Revolução que iria transformar o sistema social do Ocidente; é precisamente nesses anos que amadurece a obra de Emmanuel Kant. Uma tal coincidência não deriva do acaso. Numerosas ligações unem os acontecimentos entre si. Trata-se sempre de virar radicalmente as costas à tradição (até mesmo definitivamente, pode dizer-se hoje), de traçar com toda a consciência fronteiras que diferenciam claramente territórios distintos, de dar um grande passo para a nova autonomia. No momento em que declaração dos direitos do homem e declaração dos direitos do indivíduo vão a par, no momento em que em que Kant substitui a antiga moral heterónoma pela moral autónoma, à qual atribui o seu estatuto, Ledoux lança as fundações da arquitectura autónoma. Como Kant, Ledoux estava profundamente imbuído do sentimento de que as novas ideias se identificavam com agitação. Enquanto Kant exprime, no final da Crítica da Razão Pura, a convicção de que foi finalmente alcançado “o que numerosos séculos não puderam realizar”, Ledoux afirma que “o momento em que vivemos quebrou o entrave”. A página de título de L'Architecture... tem como epígrafe a fórmula de Horácio, plena de uma orgulhosa certeza: