Arquitectura no renascimento
A Arquitectura do Renascimento
A Descoberta do Mundo e do Homem
Santa Maria del Fiore (Catedral de Florença) cúpula de Filippo Brunelleshi (à esquerda) e campanário de Giotto (à direita)
Na Itália a evolução do românico até ao Renascimento é tocada, mas não afectada, pelo Gótico. A arquitectura italiana na época do Gótico, com os seus palácios urbanos, espaços claramente estruturados, uma modelação calma e um realce nítido da horizontal idade, já continha em si os germens da época seguinte sendo-lhe por isso atribuída, não sem razão, a designação de proto-renascimento. As cidades-estado, ricas e altivas, não eram dominadas pelo clero nem pelos cavaleiros nobres com ideais abstractos, mas sim por uma burguesia - e, particularidade italiana, por uma nobreza fortemente aburguesada - com virtudes mais «palpáveis», como o esforço, o domínio de um ofício e a economia. Tendo alcançado o poder e a prosperidade através das actividades mercantis, desenvolvera-se nelas uma religiosidade de um outro tipo: em vez do desejo de deixar rapidamente para trás a existência terrena «miserável», determinante na época do gótico, o Homem descobria, agora, a beleza e a harmonia do mundo. Durante o séc. XIV surgiu o Humanismo: exigiu e fez com que as ciências naturais deixassem de se fundamentar em dogmas e passassem a basear-se numa observação isenta da natureza, no intelecto e na experiência racional. Tal facto significava o fim da unidade até então vigente entre a fé e o conhecimento: a burguesia passou a ser portadora da cultura ao mesmo nível do clero e as universidades libertaram-se da igreja. Deste modo, no Renascimento foi aberto o caminho ao lento processo da secularização (laicização da vida), tendo igualmente sido lançados os princípios e as bases da civilização moderna que se viriam a impor séculos mais tarde: o racionalismo, a democracia e os direitos do Homem, as ciências e a técnica, o sistema bancário e a economia