“Mestre dos que sabem”, assim se lhe refere Dante na “Divina Comédia”! Com Platão, Aristóteles criou o núcleo propulsionador de toda a filosofia posterior. Mais realista do que o seu professor, Aristóteles percorre todos os caminhos do saber: da biologia à metafísica, da psicologia à retórica, da lógica à política, da ética à poesia. Impossível resumir a fecundidade do seu pensamento em todas as áreas. A obra aristotélica só se integra na cultura filosófica europeia da Idade Média, através dos árabes, no século XIII. Aristóteles é o criador da biologia. A sua observação da natureza, sem dispor dos mais elementares meios de investigação, apesar de ter hoje um valor quase só histórico não deixa de ser extraordinária. O que mais o interessava era a natureza viva. A ele se deve a origem da linguagem técnica das ciências e o princípio da sua sistematização e organização. Enquanto Platão age no plano das ideias, usando só a razão e mal reparando nas transformações da natureza, Aristóteles interessa-se por estas e pelos processos físicos. Não deixando de se apoiar na razão, o filho de Nicómaco usa também os sentidos. Para Platão, a realidade é o que pensamos. Para Aristóteles, é também o que percepcionamos ou sentimos. Aristóteles defende que o que está na alma do homem é apenas o reflexo dos objectos da natureza, a razão está vazia enquanto não sentimos nada. Aristóteles é pormenorizado, preferindo porém, o fragmento ao detalhe. Um dos vectores fundamentais do pensamento de Aristóteles é a Lógica, assim chamada posteriormente, embora ele tenha sempre preferido chamar-lhe Analítica. O contributo ordenador de Aristóteles será definitivo. Ele estabelecerá as características e os fins da tragédia. Uma das suas leis estender-se-á, por séculos até aos nossos dias, a todo o teatro: a regra das três unidades. Acção, tempo e lugar.