aristoteles
Aristóteles e a superação do paradigma da Academia
Chegou à Academia com uma inclinação forte para o estudo dos animais e plantas. Ingressava, assim, na escola de Platão, dominada pelo paradigma da matemática, a qual frequentara por vinte anos, um jovem estudante com clara tendência para o observação empírica, a classificação dos conceitos e a sua hierarquização. Sustenta-se que, após a morte de Platão, por se sentir preterido pela escolha de Espeusipo para suceder ao mestre, Aristóteles, vai para Assos, onde Hérmias, que estudara com Platão e fora escravo, se tornara arconte. Ainda que se aceite essa eventual diferença entre os dois, a verdade é que havia afinidade entre o pensamento do estagirita e o de Espeusipo.
Espeusipo, sobrinho de Platão e que vai sucedê-lo à frente da Academia, também já mostrara pendor para estudo do empírico e para as classificações, de tal sorte que Theodor Gomperz o coloca como um precursor de Aristóteles. Todavia, há que se ver entre eles mais contemporaneidade do que propriamente antecedência do primeiro em relação a Aristóteles.
De todo modo, quando se consideram os dez livros de Espeusipo, que receberam o nome de Homóia (as coisas similares), o que se pode concluir é que, no interior da escola de Platão estava em gestação uma nova escola filosófica que se oporia ao modelo matemático e geométrico que iluminou o genial sucessor de Sócrates. O mundo das ideias, das formas incorruptíveis recebia nos seu coração, a Academia, aqueles que seriam os seus mais ferrenhos opositores. Não é difícil concluir que Aristóteles, depois de tanto tempo estudando na escola de Platão, tivesse chamado a atenção do seu mestre.
Platão dera-lhe o epíteto de “leitor” e aqui há que registrar a revolução que essa simples designação parece significar. Até o estagirita, o grego que se dedicava aos estudos não lia os textos, mas se reclinava passivamente para saborear, como uma representação teatral, as frases que um servo educado