Aristoteles e a economia
Projecto promovido e coordenado pelo Centro de Filosofia da Universidade de Lisboa em colaboração com os Centros de Filosofia e de Estudos Clássicos da Universidade de Lisboa, o Instituto David Lopes de Estudos Árabes e Islâmicos e os Centros de Linguagem, Interpretação e Filosofia e de Estudos Clássicos e Humanísticos da Universidade de Coimbra. Este projecto foi subsidiado pela Fundação para a Ciência e a Tecnologia.
INTRODUÇÃO
1. A discussão em torno da análise económica
Ao longo do século XX, assistiu-se a um debate animado entre os estudiosos da economia, onde, a par de outras coisas, se discutia se os Gregos teriam ou não já consciência das implicações daquele conceito, com a abrangência e a importância que actualmente se lhe reconhece. De facto, o termo possui uma origem grega, já que oikonomia é um composto de oikos, que significa «casa, propriedade, lar» (envolvendo não apenas o espaço físico, mas também as pessoas que o habitam e a actividade que nele desenvolvem), e da raiz semântica nem-, que aqui assume o sentido de «regular, organizar, administrar». Por conseguinte, «economia» é, antes de mais, a «administração da casa», cuja condução deve obedecer a determinados princípios capazes de garantir a sua perenidade e bem-estar. Foi esta noção de economia que dominou as reflexões teóricas sobre o assunto até meados do século XVIII, altura em que os estudiosos franceses começaram a falar de l’économie politique, ainda com predominância da dimensão política do fenómeno, até que, com o aumento das reflexões teóricas sobre o comércio, a moeda e a relação entre despesas e receitas globais, se foi cimentando a noção de «economia» no sentido especializado de