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“VIVA O REI, MORTE AO MAU GOVERNO”: AS CARTAS CHILENAS E A POLÍTICA REFORMISTA DO IMPÉRIO ULTRAMARINO PORTUGUÊS
Adriano Toledo Paiva (UFV)
Jonas Marçal Queiroz (UFV)
As Cartas Chilenas: considerações historiográficas, teóricas e metodológicas. Nosso objetivo com este trabalho é analisar o pensamento político de
Tomás Antônio Gonzaga e suas possíveis relações com o contexto histórico da Conjuração Mineira. Procuraremos nos distanciar da interpretação tradicional de que o movimento liderado por Tiradentes foi um prenúncio da emancipação política de 1822 e, portanto, uma primeira prefiguração do sentimento de nacionalidade brasileira. Isto nos leva a procurar observar melhor a natureza e conteúdo da resistência colonial, do reformismo e da imposição da autoridade metropolitana no século XVIII.
Nesse sentido, tentaremos evidenciar o “aspecto regionalista” das obras produzidas no período colonial e as práticas políticas e sociais do Antigo Regime.
Focalizaremos o fervilhar de uma cultura política na América Portuguesa, salientando a linha divisória entre o permitido e o interdito, entre o uso e o abuso, e as responsabilidades para preservação ou alteração da boa ordem. As epístolas que compõem as Cartas Chilenas – obra que analisaremos mais detidamente – suscitam toda a importância da sociabilidade literária e artística que era comum ao “formalismo” dos letrados mineiros. Os poemas satíricos, compostos de versos decassílabos brancos, foram agrupados em treze cartas e revelam a fratura política de uma sociedade, estabelecendo uma crítica contundente a determinados comportamentos que lhe eram próprios. Os movimentos “nativistas”, a Inconfidência Mineira, seus integrantes, especialmente Tiradentes, foram redescobertos pela República para estabelecer uma conexão entre a velha ordem – período colonial – e o novo regime político que se iniciava, além de cunhar uma nova identidade nacional que visava oposição ao que lhe era exterior (tradição