arenitos furnas
PARA DESVENDAR MÁSCARAS SOCIAIS*
Ruy Moreira distinguir a essência nas aparências..." (Marx)
Nelson Werneck Sodré chamou atenção, em livro recente, para o uso ideológico da geografia pelo capitalismo no decorrer do colonialismo e do imperialismo. Mas o que nele expõe, acerca do determinismo geográfico e da geopolítica, nem de longe se compara com a manipulação, de que é hoje objeto o espaço geográfico, denunciada por Yves Lacoste.
Usando a paisagem com fins turísticos; projetando "obras de impacto" em áreas estratégicas; confinando ideias cívicas à unidade espacial Estado-Nação; planejando a exploração e consumo de recursos naturais; redistribuindo populações faveladas (viveiros de mão-de-obra) para áreas destinadas à implantação de distritos industriais; fabricando imagens de lazer e conforto com áreas verdes, sol, sal e mar para forjar venda de imóveis de fachadas e nomes pomposos, ou marcas de cigarros; manobrando as articulações do complicado tabuleiro de xadrez da geopolítica mundial; espraiando os tentáculos desses polvos gulosos e insaciáveis eufemisticamente chamados multinacionais; tais são alguns exemplos dessa interminável lista de maneiras que o capital encontrou de usar o espaço geográfico como instrumento de acumulação e poder.
O capital descobriu o espaço geográfico. Resta saber quando o descobrirão os que se opõem à sua ditadura.
Ora, como afirma Lacoste: "Toda a gente julga que a geografia mais não é que uma disciplina escolar e universitária cuja função seria fornecer elementos de uma descrição do mundo, dentro de uma certa concepção 'desinteressada' da cultura dita geral. . . Pois qual poderia ser a utilidade daquelas frases soltas das lições que era necessário aprender na escola? ( . . . ) A função ideológica essencial do palavreado da geografia escolar e universitária foi sobretudo de mascarar, através de processos que não são evidentes, a utilidade prática da análise do espaço, sobretudo para
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