Aprendendo
02.02, 25-29 (2007) www.sbg.org.br Células-tronco: fatos, ficção e futuro.
Nance Beyer Nardi
Departamento de Genética, UFRGS, nardi@ufrgs.br
O conceito básico de células-tronco
Nosso organismo pode ser visto como um conjunto de órgãos - coração, pulmões, fígado etc - que, interagindo entre si e com o meio ambiente, garantem o bom funcionamento do todo. Cada um destes órgãos, por outro lado, é formado a partir da interação de vários tipos de células, que constituem assim a unidade funcional do organismo.
São reconhecidos mais de 200 tipos de células no corpo humano colaborando entre si para formar os tecidos.
As células têm uma vida dinâmica no organismo, surgindo pela divisão de uma célula precursora, desenvolvendo-se e morrendo. Uma célula pode assim, em dado momento, seguir um entre três diferentes “destinos”, que dependem da resposta que ela dá a estímulos que chegam do microambiente onde vive. Em primeiro lugar, a célula pode proliferar, isto é, dividir-se pelo processo de mitose originando outras duas células. Ela pode também mudar de tamanho e forma, passando a realizar alguma função mais especializada, processo denominado diferenciação.
Finalmente, a célula pode morrer, num processo que é planejado pelo organismo e designado “morte celular programada”. A morte celular é um processo muito importante para a manutenção adequada do organismo e, praticamente, todas as células em espécies de vida mais longa, como o homem, são programadas para uma substituição periódica. Para a grande maioria das células, a morte acontece, por um mecanismo fisiológico denominado apoptose, por um prazo que pode variar entre alguns dias e alguns meses após sua formação. Este processo é muito acentuado para alguns tipos de células como as sanguíneas
(que são repostas aos milhões a cada hora) ou, como se torna mais visível para nós no verão, para as células que formam a pele. Outras células, como as que compõem o sistema nervoso,