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Invulgar concerto, inspirado nas músicas e ritmos da quadra natalícia, Ano Novo, Reis e Janeiras, tornou-se impressionante no desempenho verdadeiramente eloquente em qualidade harmónica, da voz e intensidade tímbrica do conjunto que esteve sempre muito presente e proporcionou uma noite de memórias muito gratas a quem teve a felicidade de assistir. E, note-se, que foram muitos os que assistiram, pois a adesão da população ulense compreendeu número verdadeiramente significativo, representando, seguramente, um quadro muito expressivo da arte musical! A dada altura, sentiu-se a música, numa ‘beleza’ de harmonias que nos tocam nos sentidos intensamente, quase no seu estado puro, quase sublimes. E nesse ambiente tão propício, surpreendemo-nos, ao dar connosco mesmos, a entender melhor a espiritualidade que também reside dentro das sonoridades. Tudo porque o exercício dessa arte atingiu elevação tal que a definição mais nobre da cultura se aplica e é incontornável, fazendo sentir e pensar, uma vez mais, quanto valor sem preço – porque imensíssimo – pode existir intra-muros de uma freguesia ou de um concelho. E vá-se lá saber porquê, o mais das vezes, teimamos manter tais preciosidades, encostadas nas prateleiras, se não do esquecimento total, pelo menos, num plano pouco expressivo! Conquanto, se, por um lado, compete a todos ter consciência de que há pessoas, tão próximas de nós – que ninguém diria – com tanto valor (gente que faz a diferença nas ciências, nas artes, na literatura, na música...), por outro, sendo certo que a palavra ‘cultura’ bebeu origem em ‘cultivar’ no seu inicial sentido de amanho de terras ávidas de preparação, sementeira e cuidados…