Apostila
Profª. Dr. Vera Toledo Piza
Resumo
Falar em indústria cultural hoje é instigar polêmica, uma vez que se liga a uma característica específica do mundo capitalista. A indústria, em si, tanto pode incluir a produção de um objeto de consumo, como certa marca de sabão em pó, quanto a arte, em suas diversas modalidades, também como produto a ser consumido, mas com uma diferença: a arte é um produto voltado para uma indústria cultural. Theodor W. Adorno foi o criador desse termo. Após um distanciamento de mais de 50 anos (1947) da origem dessa expressão, como ela pode ser considerada no final do século XX e inícios do XXI? A volta ao tema, envolvendo uma outra realidade, é o tema discutido neste artigo.
Palavras-chave:
Adorno; produção cultural; indústria cultural. A expressão indústria cultural refere-se a um assunto bastante polêmico nos dias de hoje, dado todo o progresso tecnológico alcançado no final do século XX e inícios do XXI. Mais ainda o seria quando fora empregada por Adorno e Horkheimer na obra escrita por ambos, Dialética do Iluminismo, datada de 1947. Atualmente, numa época em que a industrialização está mais do que consolidada em quase todo o mundo, que produtos podem ser ou não considerados industriais? E quanto à cultura: pode ela, atualmente, ser vista como fruto de um processo industrial? Que tipo de relações podem-se estabelecer entre produtor industrial e produtor cultural? E entre produtor cultural e público consumidor de cultura? Que fronteiras existem entre a cultura chamada erudita e a considerada popular? São essas fronteiras espontâneas ou foram definidas pela mídia, tendo em vista os objetivos dos produtores culturais? Temas controvertidos como esses são delineados por Adorno no texto "A Indústria Cultural" (1978: 287-295), baseado em conferências radiofônicas proferidas na Alemanha, em 1962. Adorno chama de indústria cultural ao que anteriormente