Apostila economia
Karl Marx pronunciou sua sentença de destruição do capitalismo no manifesto de 1848; o sistema foi diagnosticado como vítima de uma doença incurável e, apesar de nenhum prazo ter sido dado, presumia-se que estivesse bastante próximo do momento final, a ponto dos seus sucessores - os comunistas - aguardarem avidamente o último suspiro, que sinalizaria sua conquista do poder. Mesmo antes do aparecimento de O Capital, em 1867, a vigilância do moribundo já começara, e a cada ataque de febre especulativa ou a cada sinal de depressão industrial, os esperançosos chegavam mais perto do leito de morte e diziam uns aos outros que o momento da Revolução Final logo chegaria.
Mas o sistema não morreu. Verdade, muitas das leis marxistas de movimento foram comprovadas ao longo da marcha dos acontecimentos: grandes negócios ficavam maiores ainda e sucessivas depressões e desemprego eram pragas sociais. Mas junto com estas confirmações do prognóstico de destruição, outro altamente importante e portentosamente enunciado sintoma marxista chamava a atenção por sua ausência: a "miséria crescente" do proletariado não acontecia.
Sempre houve um longo debate entre os marxistas quanto ao que Marx queria dizer com esta frase. Se queria dizer apenas que mais e mais pessoas da classe trabalhadora experimentariam a "miséria" de se tornarem proletários - trabalhando por salários -, ele estava certo, como comprovamos. Mas se queria dizer que a miséria material deles ficaria pior, então estava errado. Realmente, uma Comissão Real reunida para examinar o colapso de 1886 expressou particular satisfação com a condição das classes trabalhadoras. E isto não era apenas o canto complacente dos apologistas da classe. As condições estavam melhores - perceptível e significativamente melhores. Observando novamente a situação da década de 1880, sir Robert Giffenl escreveu: "O que temos de considerar é que há inqüenta anos metade, ou um pouco mais do que a