Apoio economia
Por Maílson da Nobrega – Revista Veja 23/01/2012
Voltou-se a falar em "projeto nacional". O governo apontaria rumos para o país, fixaria metas e indicaria o que espera do setor privado. É surpreendente, mas a visão de que o estado deve liderar o desenvolvimento ainda permeia as discussões sobre a economia, particularmente em segmentos do empresariado e da esquerda.
A ideia é típica de regimes autoritários. Nasceu na ex-União Soviética com o Primeiro Plano Quinquenal, lançado em 1928 por Josef Stalin (1879-1953). A expansão posterior da economia soviética parecia provar que existia uma alternativa ao capitalismo. O planejamento central permitiria vencer o subdesenvolvimento. A ilusão se foi com o colapso soviético em 1991.
Nos ·anos 1930, a necessidade de enfrentar o desastre da Grande Depressão criou o ambiente para fone inten1enção do estado na economia. O intervencionismo foi impulsionado pelas ideias de John Maynard Keynes (1883-1946), que advogava a expansão do gasto público - preferencialmente em infraestrutura - para compensar a relação que então se observava na demanda de consumo e investimento.
A intervenção estatal se disseminou com o New Deal de Franklin Roosevelt (1882-1945), os planos de Adolf Hitler (1889- 1945) e as experiências autoritárias da Espanha e de Portugal. Getúlio Vargas (1882-1954) a introduziu no Brasil em seu primeiro governo. Depois da II Guerra, o planejamento virou ministério nos países em desenvolvimento. O nosso é de 1962. Seu primeiro titular foi Celso Furtado (1920-2004).
O regime militar entronizou os grandes planos. O "projeto nacional" viria para valer com o Primeiro Plano Nacional de Desenvolvimento (1 PND) para o período 1972-1974, no governo de Emílio Médici (1905-1985). O auge foi o II PND (1975-1979), no governo Ernesto Geisel (1907-1996). Era uma resposta à crise do petróleo de 1973-1974 e previa um salto na substituição de importações. Essa estratégia, que caracterizara por trinta anos a