Economia Brasileira Contemporanea - material de apoio
Economia Brasileira
Contemporânea
De Getúlio a Lula
Material do Portal Atlas
SÃO PAULO
EDITORA ATLAS S.A. – 2007
2
Economia Brasileira Contemporânea • Souza
A crise econômica gera insatisfação
Quando ocorreu o golpe de 1964, o conjunto da elite dominante estava unido em torno do novo regime. Além disso, setores significativos das camadas médias constituíam sua base de apoio. A manifestação mais visível havia sido as “marchas da família, com Deus, pela liberdade” organizadas por setores católicos conservadores e mulheres da elite.
Entretanto, a persistência da crise econômica até 1967 começou a romper a unidade do novo bloco no poder, hegemonizado pelos setores que defendiam maior abertura ao capital estrangeiro.
O resultado da crise foi a multiplicação das falências das pequenas e médias empresas, particularmente as menos rentáveis.1 As quebras, além disso, se agravaram em função da política de “austeridade” praticada pela equipe econômica do regime.
A contenção do crédito, por exemplo, prejudicou mais as pequenas e médias empresas que as grandes, já que estas (de origem basicamente estrangeira), além de possuírem maior capacidade de autofinanciamento, têm mais acesso ao crédito.2
O mesmo se passava com a política fiscal adotada então pelo regime. Vimos que sua dupla face era o aumento dos impostos e a contenção dos gastos governamentais. Ou seja, de um lado se captava excedente econômico das empresas e, de outro, se restringiam seus mercados. Uma vez mais, são as pequenas e médias as que mais sofrem.
A “racionalização” das empresas públicas cumpriu papel similar. A retirada gradual dos subsídios acarretou a elevação dos preços de seus produtos. Essa ele-
1
Se considerarmos o então Estado da Guanabara, o número de insolvências, que havia sido reduzido de 1960 a 1963, voltou a aumentar em 1964, apresentando uma brusca elevação em 1965:
1959 – 598, 1963 – 269, 1964 – 281, 1965 – 400 (cf. O