Apocalipse
O uso de drogas que produzem dependência vem atingindo grupos etários cada vez mais baixos. A partir da década de 1990, o consumo alcançou proporções epidêmicas, aumentando não só o número de usuários como os tipos de drogas usadas.
A verdadeira prevalência de drogas ilícitas na gestação é difícil de determinar, porque as gestantes omitem essa informação. Há estatísticas de que 85% das consumidoras de drogas estão em idade fértil, ou seja, entre 15 e 40 anos, e que cerca de 30% são consumidoras antes dos 20 anos, o que demonstra um longo período de risco com a utilização da droga.
A exposição às drogas pode ocorrer em 30% a 50% dos recém-nascidos vivos. Geralmente, a incidência é maior nos grandes centros urbanos. Cerca de 3% das usuárias de drogas continuam utilizando-as durante a gestação. Entre as drogas ilícitas, a maconha é a droga isolada mais utilizada (54%). O uso de drogas potentes como a cocaína e o crack cresce violentamente.
Os recém-nascidos de mães que fizeram uso de crack durante a gravidez podem apresentar dependência e síndrome de abstinência. A maioria experimenta os sintomas nos primeiros sete a dez dias de vida. Devido às suas características químicas, o crack atravessa a placenta com facilidade, levando ao risco de toxicidade ao feto. Vários problemas obstétricos são relatados em decorrência do uso do crack na gravidez, com consequências para o recém-nascido. Estudos em animais demonstram malformações congênitas provocadas por alterações vasculares fetais. Há relatos de defeitos do tubo neural, deformidades esqueléticas e hidrocefalia.
Os problemas neonatais imediatos relacionados ao crack são: sofrimento fetal, asfixia, prematuridade, baixo peso, diminuição do comprimento e do tamanho da cabeça e alterações do comportamento. Outros problemas no recém-nascido estão associados ao potencial risco de transmissão de doenças cuja incidência acaba sendo maior em usuárias de drogas, como sífilis e