Apartheid Cultural
Em artigos anteriores já discutimos o fato de que desde nossa colonização iniciou-se um processo de exclusão social dos índios, negros etc. através da limitação da escrita a “casta superior”. Esse apartheid sócio-educacional perpetua-se historicamente até nossos dias, como um dos monopólios das elites burguesas. Isso explica esse modelo segregador, jogando as camadas populares para fora da educação, afastando-as das escolas e Universidades. Esse processo, ao longo dos tempos, contribuiu para o aprofundamento do conservadorismo de nossas universidades, de modo a não conseguirem, por falta de preparo, conviver com as desigualdades, impedindo a construção do saber pelas camadas populares, e por conseguinte em sua transformação, inserindo as desigualdades na sociedade. Essa miopia intelectual em relação à cultura popular é grave, pois a sabedoria humana da simplicidade, na luta dos povos por sua sobrevivência, transcende o conhecimento científico-cultural dos livros oficiais, tendo também, portanto, o seu valor. Porém, nessa sociedade estratificada, as elites julgam-se os únicos “sábios”, simplesmente por terem tido acesso a biblioteca oficial, colocando seus livros como uma das fronteiras entre os conhecimentos técnico e popular. Esse “apartheid acadêmico” obstaculiza o surgimento de novas ideologias, castrando a liberdade de pensar e discutir, impedindo o surgimento de pluralidade de idéias, gerando esse discurso único globalizante burguês. Portanto, a sociedade cria os excluídos educacionais (50 milhões de brasileiros analfabetos ou semi-analfabetos), que ficam marginalizados, não tendo acesso aos bens sociais mínimos. Interessante, que as elites sabem que, elevando-se o nível educacional, aumenta a qualidade da mão-de-obra, produtividade, economia e riqueza. Contudo, sabem que a cultura gera consciência e cidadania. Daí o medo; por isso, constroem uma escola pobre para o pobre, para que o pobre não tenha acesso