Apagão de mão-de-obra qualificada
Naercio Menezes Filho
Centro de Políticas Públicas do INSPER e USP
Sumário Executivo Muitos analistas tem enfatizado a existência de um “apagão de mão de obra qualificada” no Brasil. Entretanto, o salário médio mensal das pessoas com nível superior no Brasil declinou na última década, passando de R$4.317 para R$4.060 entre 2000 e 2010. Essa queda (6%) foi maior do que a observada entre os que completaram apenas o ensino médio (de R$1378 para R$1317, ou seja, 4,4%). É difícil compatibilizar essa queda de salário em termos absolutos e relativos com um hipotético “apagão” de mão de obra qualificada, já que se a demanda estivesse crescendo a uma taxa superior à da oferta por ensino superior, os diferenciais de salários nesse nível deveriam estar aumentando.
Esse artigo mostra que a diminuição dos diferenciais de salário do ensino superior na última década reflete a queda salarial em algumas formações específicas, que tiveram grande aumento na proporção de formados, tais como: Enfermagem, Administração de Empresas, Turismo, Farmácia, Marketing e Terapia e Reabilitação. Por outro lado, algumas profissões tiveram aumentos significativos nos salários, mas queda na participação entre os formados, tais como: Medicina, Arquitetura, Engenharias, Economia e Ciências sociais. Nessas profissões, a demanda está aumentando mais rapidamente que a oferta, ou seja, são áreas em que a sociedade está precisando de mais profissionais.
Além disso, a porcentagem de formados trabalhando nas ocupações típicas de sua área de formação aumentou na Medicina, Humanidades e Engenharias, declinando em algumas áreas de saúde, tais como Enfermagem, Farmácia e Química. Isso pode estar refletindo uma diminuição de oportunidades de trabalho nessas áreas, o que é confirmado pelo aumentado observado nas taxas de desemprego nessas áreas.
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