Análise à luz do debate entre hayek e keynes
Análise à luz do debate entre Hayek e Keynes
José Manuel Moreira e André Azevedo Alves*
Resumo: N o contexto da atual crise econômica e financeira internacional, voltam a estar em primeiro plano velhas receitas keynesianas que apresentam o intervencionismo estatal como panaceia para os problemas supostamente gerados pelo sistema
“neoliberal”. Neste artigo procura-se demonstrar que esse discurso, longe de constituir uma inovação, tem de fato uma longa história no contexto da retórica anticapitalista e antimercado, sendo em boa parte indistinguível da gênese e do percurso histórico do keynesianismo como sistema de pensamento social e cultural. À luz do debate entre
Hayek e Keynes, é possível compreender que a disputa, mais do que puramente econômica, é também cultural e, no limite, entre filosofias de vida e distintos modos de observar a realidade. Na explicação da atual crise, além das econômico-financeiras e sociais, devem ser consideradas também as causas culturais e institucionais, que são inseparáveis do acento keynesiano no privilégio do imediato e do consumo. Conclui-se que tanto as verdadeiras causas como as mais chocantes consequências da crise do nosso tempo só poderão ser percebidas e combatidas se se olhar para o keynesianismo como um sistema articulado e coerente que ultrapassa a economia. Um sistema de contestação e de ataque à poupança e ao conjunto de valores liberais-conservadores e cristãos que, em especial a partir dos anos
60, conseguiu-se impor como teoria social do nosso tempo. Sem esse passo, nunca atingiremos o âmago dos problemas que defrontamos, que vão da deriva protecionista ao desprezo pela poupança, pelas novas gerações e, em geral, pelo futuro.
Palavras-chave: c ausas da crise, protecionismo, liberalismo, keynesianismo, escola austríaca.
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José Manuel Moreira é Licenciado e Doutorado em Economia e em Filosofia. É atualmente Professor
Catedrático