Análise Socionlinguística da Obra "Seara Vermelha"
10007 palavras
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1. INTRODUÇÃOA linguagem possui papel fundamental na vida do ser humano. É através dela que o homem se constitui como sujeito na sociedade e estabelece relações com os demais membros de uma comunidade. Nota-se, porém, que existem variações na maneira de empregar uma mesma linguagem dentro de uma comunidade.
A linguagem não é apenas um instrumento de comunicação, mas, sim a responsável por boa parte da aquisição de conhecimento, já que através da interação verbal no meio social é que pode ser encontrada sua identidade de linguagem e papel na sociedade. (VYGOTSKY, 1984, p. 26)
Na obra Seara Vermelha, do escritor baiano Jorge Amado, essas variações se fazem presentes na fala dos personagens pobres e marginalizados, representados por uma família de retirantes compulsórios, gente expulsa das terras que viveram a vida toda. Para recomeçar a vida saem do nordeste rumo a São Paulo. O percurso primeiramente é feito a pé. Ao atravessarem o sertão baiano padecem de fome e de dor por perderem os entes pelo caminho. O autor traz com fidelidade os diálogos de um povo marcado pela pobreza e desigualdade social. De outro lado, está a classe social dominante, detentora do poder econômico e com as melhores condições de vida, acentuando as desigualdades sociais. É nesse contexto que se verifica a existência das variações linguísticas, presentes na fala dos personagens.
Como disse Cândido (1998), a obra de Jorge Amado é uma ida ao povo, através do contato com a realidade da Bahia, os cangaceiros, as mães de santo, os moleques de rua, entre outros. Amado conscientizou-se da realidade vivida por aquelas pessoas e retratou com fidelidade em suas obras todo aquele cenário baiano vivido por classes oprimidas pelas injustiças sociais.
Para Suassuna (2001), “como o caixeiro viajante que, a cada passagem vê uma nova cidade, Jorge Amado somava tipos a cada livro, reconstruía o País e sua brasilidade.”
Sabendo que, pela linguagem, pode-se reconhecer e diferenciar o usuário