Análise sobre o conto "Casa Tomada"de Júlio Cortázar
A história é narrada por um homem que mora com sua irmã Irene, em uma grande casa. Eles são os únicos moradores da casa, mas um dia começam a escutar estranhos barulhos que os fazem concluir que a casa está sendo tomada. Para fugir do suposto invasor, os irmãos passam a morar em uma pequena parte da casa, fechando e isolando a parte tomada, até que toda a casa é invadida pelos barulhos estranhos e os dois acabam indo embora, sem nenhuma tentativa de combater os invasores.
Procurei criar, a partir da leitura cuidadosa do texto, uma tese, e espero comprová-la com uma série de argumentos encontrados no próprio texto. Minha tese: os dois irmãos são pessoas apáticas, apagadas da vida de qualquer outro ser humano que não eles, sempre escondidos dentro da casa. Prova disso é que quando um barulho desconhecido é percebido, a primeira e imediata reação é a fuga, mostrando a total falta de vontade de combater as adversidades. É possível perceber, logo no começo do conto, que os irmãos viviam em um mundo só deles, isolados de outros, pelo trecho " Gostávamos da casa porque (…) guardava lembranças de nossos bisavós, do avô paterno, de nossos pais e do toda a nossa infância.". Esse trecho mostra o apego ao passado, ao morto e inexistente, representado naquela casa que mantém os dois personagens, apesar de vivos, emersos em um mundo de inércia e nostalgia. Essa ideia de inércia remete ao conceito Freudiano de Pulsão de Morte, ou seja, a paralisia, o inanimado, tudo que é oposto à vida e ao movimento. É como se a casa os prendesse, mas como eles preferem essa prisão a qualquer tipo de confronto, continuam na casa, que fica cada vez menor devido aos invasores. Voltando ao trecho citado, percebe-se que os irmão não estabelecem relações afetivas com outras pessoas, apenas habitam um lugar que guarda memórias afetivas, algo que não existe mais de forma concreta, portanto deixou de ser um movimento, uma busca pela vida.