Análise Psicanalítica do Conto "O Primo"

Uma análise do conto “O Primo” a partir da Psicocrítica da Literatura de Jacques Lacan

O objetivo do presente texto e fazer uma análise do conto “O Primo”, do escritor Dalton Trevisan, tomando a Psicocrítica Estrutural de Jacques Lacan como base interpretativa. Abordaremos alguns aspectos a fim de mostrar como alguns elementos psicossociais influem na construção da linguagem verbal do conto, especialmente os elementos mais expressivos da teoria lacaniana para o enfoque da analítica literária do conto.
Começamos mostrando que o conto manifesta o arcabouço do interdito, ou seja, é através da ameaça do incesto vivido pela personagem Santina que a busca do objeto se inicia. O fato de Santina não ser mais virgem revela que ela é portadora da falta fálica. Este fato marca o percurso do desejo e cria as condições para a instauração da linguagem. A virgindade é o falo que falta, é a ameaça da castração. A partir de então, Bento parte em busca do objeto de desejo ou do falo perdido, que o autor representa na imagem de Santina. É perceptível que o conto faz um percurso cronológico. No entanto, os pensamentos gerados por uma situação intersubjetiva criada pelo inconsciente do personagem narrador ou mais especificamente as neuroses vividas por ele, que quase o levam a psicose, nos ajudam a entender o percurso metonímico da busca pelo objeto perdido, da construção do sujeito e da instauração da linguagem.
Para Lacan “o inconsciente é um produto da linguagem e tem estrutura dela, sendo a linguagem um fluxo de significantes instáveis a que se relacionam conceitos fixos”. O mesmo autor afirma que “só existe a linguagem por que existe o desejo, o desejo é quem move a linguagem e o sujeito”.
De acordo com (APUD, Lacan) “o sujeito é servo da linguagem, porque é partir da linguagem que o sujeito constrói sua mensagem”. Sabe-se que Lacan utilizava o termo linguagem no sentido do sistema que está em jogo como língua e sua estrutura através de elementos sonoros, léxicos e