Análise literária de vidas secas
Por Leonilto Cruz, acadêmico da Universidade Federal de Roraima - UFRR
INTRODUÇÃO
O presente trabalho vem abordar dois temas bastante presente no romance Vidas Secas, de Graciliano Ramos: A crítica social e a linguagem. Publicado em 1938, a obra narra a vida de uma família de retirantes, marcada por dificuldades advindas da natureza e da opressão do homem, onde o contexto pode ser relacionado com os dias atuais nas diversas óticas temáticas que compõem o romance, como estes que fazem parte da análise.
Como crítica social, a análise nos leva a perceber como o autor trabalha as personagens e busca explorar paralelamente, a dimensão individual e social de cada uma, de modo que o resultado acaba por problematizar as questões sociais em um tom crítico e denunciativo. A fome, a falta de moradia, a opressão do patrão e do Governo são elementos que atingem Fabiano e sua família que, desamparados no campo social e discursivo, nos faz entender que o autor contempla, de certo modo, muitos Fabianos existentes no Brasil cheio de contrastes e marcado pela desigualdade social.
A falta de comunicação entre Fabiano, a mulher e os dois filhos nos revela que secas não são somente a vida das personagens, mas também as palavras. A linguagem, ideologicamente compreendida como instrumento de libertação do homem e essencialmente social, não faz parte do cotidiano retratado em Vidas Secas. A ausência do discurso se reflete nas relações entre as personagens e suas ações, onde a comunicação se situa no mesmo nível dos bichos, num processo de animalização. Na análise, podemos perceber que a linguagem é utilizada como arma de opressão sobre Fabiano e sua família, contribuindo para a condição do ser oprimido e marginalizado.
A CRÍTICA SOCIAL EM VIDAS SECAS
Publicado na década de 30, o contexto histórico do romance Vidas Secas traz uma ótica pautada no subdesenvolvimento social e econômico brasileiro. A ficção regionalista