Análise Fenomenológica do filme "K-PAX"
Pode-se perceber que, de acordo com a representação que é dada pelo filme K-PAX a um instituto psiquiátrico, o pensamento das Ciências Naturais, que não consegue compreender o ser humano em seus aspectos específicos, ainda continua fortemente presente na atuação dos profissionais da saúde nessas instituições.
Antes mesmo de uma tentativa de entendimento dos modos de existir daqueles seres classificados como “doentes”, estes recebem intervenções medicamentosas para que o que os médicos acreditavam serem alucinações, cessassem. Vê-se, também, que a busca pela causa das psicopatologias é constante, fato que não estaria presente se o método fenomenológico fosse aplicado, já que ele objetiva esclarecer a natureza existencial particular dos seres e não determinar as causas dos seus comportamentos. Boss acreditava que o caminho para a compreensão dos modos específicos de ser de um indivíduo passava pela tentativa de ver esse ser como Dasein, com a sua maneira de ser-no-mundo e de ser-com-os-outros. No filme, o psiquiatra Mark Powell demonstra a percepção e a sensibilidade de tentar ver não à luz de seus próprios pressupostos, mas a partir da experiência de seu paciente Prot, que apresentava em seu discurso e em suas ações que ser de outro planeta era a única possibilidade, naquele momento, dele existir, de se relacionar com os outros e com o mundo. O teórico Boss, seguindo os pensamentos de Binswanger, entendeu a importância da necessidade de esclarecer o fenômeno que se apresentava, não pressupondo as origens daquele estado, sejam elas do corpo, psíquicas ou ambos, e que a visão cartesiana de causalidade era insuficiente para entender qualquer existência. Da mesma maneira, no filme, apenas os exames e os medicamentos foram insuficientes para entender o que ocorreu na vida de Prot.
Aplicando a teoria de Heidegger ao caso, ontologicamente, existiam mais de uma possibilidade de Prot se manifestar como Dasein. Porém,