Análise Durkheimiana do Filme Kynodontas

1. ANÁLISE DURKHEIMIANA DO FILME KYNODONTAS

Em uma visão geral, Dente Canino, filme do grego Giorgos Lanthimos, retrata uma família que vive isolada em casa, sem influências do mundo exterior, onde só o pai pode sair para trabalhar e fazer compras. Os filhos já adultos, duas mulheres e um homem, são educados pelo pai como crianças, que com a mente fechada ao mundo em que vivem – o quintal de casa – agem como tal. A problematização se dá pelos interesses de Christina – contratada para satisfazer os desejos sexuais do filho – que acabam por desestabilizar a relação da família e pela vontade das “crianças” de se tornarem adultos, pelo menos pela concepção do pai. Uma série de acontecimentos representados no longa se enquadram no que Émile Durkheim (1858-1917) caracterizou como Fato Social, como por exemplo a regra imposta pelo pai de não ter contato com o mundo além da cerca. Esta regra é geral, pois aplica-se à todos, exterior às consciências de cada um dos filhos, aplica coerção sobre os indivíduos e exerce uma função - a educação dos filhos. A rejeição – e quebra – de determinados Fatos Sociais na família grega faz com que surja o que Durkheim chama de Fato Social Patológico, resultando em um estado de anomia, interferindo na coesão da pequena sociedade patriarcal, o que é mostrado no filme por exemplo, quando mínimas influências exteriores despertam nos filhos questionamentos que não fazem parte – nem sentido – do mundo limitado em que habitam e sim da extensão além dos muros. Os conceitos durkheiminianos de solidariedade são observados no filme como o trabalho familiar, em casa, sendo o que entendemos por Solidariedade Mecânica que gera a consciência coletiva – dos filhos e da esposa - e o trabalho do pai e de Christina, a Solidariedade Orgânica, que resulta na consciência individual e subjetiva das personagens. Émile Durkheim em sua obra, afirma que “A construção do ser social, feita em boa parte pela educação, é a assimilação