Análise do título da obra Memórias Póstumas de Brás Cubas

Sobreposição: ressalta-se o tempo psicológico e depois o cronológico
A obra Memórias Póstumas de Brás Cubas de Machado de Assis, se trata das narrações do próprio Brás Cubas, que se autointitula um defunto autor, pois só passa a escrever após a própria morte. A vida, inevitavelmente, segue uma ordem natural, e é intrínseco dessa ordem o nascimento vir antes da morte. Contudo, o narrador (que narra em primeira pessoa, sendo assim narrador personagem) decidiu-se por não pô-la no cabo da obra, como fez Moisés no Pentateuco, mas sim no introito.
Os primeiros acontecimentos tratados no livro são as memórias que parecem mais recentes ao autor: a sua morte e os momentos precedentes a ela, postergando seus momentos iniciais de vida para um segundo momento. Após relatar como se deu sua morte, Brás Cubas narra brevemente momentos de sua infância e traça um panorama de sua adolescência, sendo a parte referente à sua vida adulta a mais extensa e mais relevante do livro. Os lugares em que a história se passa são o Rio de Janeiro, lugar onde o autor mora e a Europa, onde ele estuda durante um período.
É bem clara a intenção do autor de diferenciar sua obra das demais narrações autobiográficas, pois ele ignora conscientemente a ordem natural dos acontecimentos biológicos (primeiro nascimento, e por último morte), havendo assim uma nítida distinção entre tempo psicológico e cronológico, em que a ordem inicial em que a narração é feita privilegia o tempo psicológico em detrimento do cronológico. Além desse exemplo podemos citar as vezes em que Brás Cubas está narrando sua história e recorda-se de algum acontecimento ou fato que relaciona-se de alguma maneira com o trecho que está sendo narrado, devido ao assunto que aborda e por isso escreve um capítulo intercalando sua história central.
Sendo assim, observa-se na obra um esquema de tempo cronológico e tempo psicológico bastante diferenciada e incomum. Inicialmente o tempo cronológico é invertido, depois empregado