Análise do poema "Dispersão" de Mario de Sá-Carneiro
Penélope Eiko Aragaki Salles
No presente estudo, propomos uma pequena análise do poema “Dispersão” de Mario de Sá-Carneiro.
Esta pequena análise será direcionada para o encontro com temas recorrentes da poesia de Sá-Carneiro como o desejo não realizado, a busca de algo inatingível, a falta de integração no mundo e a solidão.
Tendo por base as considerações de alguns estudiosos da área da Literatura Portuguesa e da obra do poeta modernista: João Gaspar Simões, João Pinto de Figueiredo, Fernando Paixão, Maria Estela Guedes, Antonio Quadros e Clara Rocha.
Dividimos o trabalho em duas partes: a primeira que irá levantar algumas questões sobre a concepção da coletânea de poemas “Dispersão”, abordando alguns aspectos que possam contribuir para a compreensão da obra como um todo.
Em seguida, a análise do poema propriamente dita, sendo considerado os seus aspectos estéticos e formais e finalizando uma pequena conclusão do tema trabalhado no poema.
Algumas considerações sobre Dispersão
O livro de poemas “Dispersão” foi construído, como o próprio Mário de Sá-Carneiro designa de “escrita automática”. O poeta escreve a Fernando Pessoa sobre a concepção desse livro, da seguinte forma:
“(...) Eu que sou sempre inteligência, que componho sempre de fora para dentro, pela primeira vez acho-me a compor de dentro para fora. Estes versos, antes de os sentir, pressenti- os, pesam-me dentro de mim. O trabalho é só de os arrancar dentro de mim. O trabalho é só de os arrancar dentre o meu espírito. Sinto mesmo uma ou duas poesias mais dentro de mim. Não lhe posso dizer o que elas são: mas sinto-as” (apud João Figueiredo).
Segundo consta João Pinto de Figueiredo (1983: 142), esses dizeres explicitam a própria concepção da primeira coletânea de poemas de Sá-Carneiro, escritos “subconscientemente” nos cafés do Bulevar em Paris.
Podemos dizer, que assim como qualquer outro poeta, ele foi influenciado em maior ou menor medida pelas vanguardas da época. Embora