Análise do poema "Consolo na Praia" de Carlos Drummond de Andrade
Vamos, não chores.
A infância está perdida.
A mocidade está perdida.
Mas a vida não se perdeu.
O primeiro amor passou.
O segundo amor passou.
O terceiro amor passou.
Mas o coração continua.
Perdeste o melhor amigo.
Não tentaste qualquer viagem.
Não possuis carro, navio, terra.
Mas tens um cão.
Algumas palavras duras, em voz mansa, te golpearam.
Nunca, nunca cicatrizam.
Mas, e o humour?
A injustiça não se resolve.
À sombra do mundo errado murmuraste um protesto tímido.
Mas virão outros.
Tudo somado, devias precipitar-te, de vez, nas águas.
Estás nu na areia, no vento…
Dorme, meu filho.
INTRODUÇÃO/TEMÁTICA
O poema “Consolo na Praia” de Carlos Drummond de Andrade, foi retirado do livro “A Rosa do Povo”, lançado em 1945. Neste período, o mundo passava por uma situação complicada, pois ainda estava se recuperando da segunda guerra mundial e enfrentando uma crise. Já aqui no Brasil, as pessoas estavam vivendo a ditadura Vargas (Estado Novo). Essa situação vivida pelo povo acabou influenciando a poesia de Drummond, que queria mostrar o sofrimento da população.
Com todos os problemas que o mundo enfrentava, Drummond queria se identificar com problemas populares, mas sem perder suas características modernistas. Na obra “A rosa do povo”, o poeta tenta captar o sentimento e as dores vividas pelo povo naquele tempo, tanto que o título do livro traz a palavra rosa com o possível significado de poesia. Sendo assim, assim uma forma do povo se expressar. Os poemas contidos nessa obra, se encaixam na fase do “estar no mundo”, pois além da política, traz também a guerra e o sofrimento do homem, que se sente apenas como mais um objeto no mundo.
VERSO POR VERSO (FRAGMENTOS DA CRÍTICA/TEMÁTICA)
O poema tem início com versos no modo imperativo, como uma tentativa de acordar as pessoas, e segue falando de duas fases importantes da vida que se perderam: a infância, que representa a inocência e a fantasia; e a mocidade, que é