Análise do livro machadiano "Mémorias Postumas de Brás Cubas"
Isso se concretiza paulatinamente durante a narrativa, da maneira mais racional possível, pelo agir de seus personagens, em que Machado de Assis evidencia o caráter não extremado da bondade ou da vilania, e sim um misto de atitudes que, aos olhos de todos, parecem dignas e, concomitantemente, sob a observação do narrador, mesquinhas, dedicadas ao prazer particular.
Poderíamos traçar o perfil do defunto autor através de Marcela, sua primeira paixão, motivo das primeiras aventuras e desventuras financeiras, que teve de ser conquistada, já que era objeto de desejo de outros rapazes. Tem-se, inicialmente, não um narrador namorado ou apaixonado, mas sim, cônsul e depois imperador. O que se disputava não era uma mulher, mas o governo de Roma; o que foi conquistado não era amor: eram os poderes. Os presentes são, aliás, o que move a relação.
O casamento com Virgília, arquitetado pelo pai de Brás, era o mesmo que uma porta de entrada para a política. Nessa relação não faltarão outras comparações entre ela e o poder ou o dinheiro. O que se percebe é uma mulher que, de certa forma, amava Brás, porém se importava com sua imagem perante a sociedade.
Assim, Machado de Assis, em sua obra, desvenda as fraquezas da humanidade, o que se reflete na perspectiva com que aborda o amor: ele existe, de fato, em certo momento, com Virgília e Brás, no entanto, não da forma inexaurível como acreditavam os românticos. O adultério de Virgínia não é devido nem a uma