Análise do filme "A Orfã"
Esta obra de Jaume Collet-Serra pode ser considerada mais que suspense, pois além de abordar os elementos dessa categoria, como a ambientação clássica do gênero – a floresta de inverno – aliada a premissas interessantes – por exemplo, menina surda, ele possui um diferencial que se encontra no foco no elenco infantil. Afinal, a maldade, no filme, é explícita e contém cenas de grande impacto psicológico. Na história, o casal, Kate e John, decide adotar uma criança, após um aborto inesperado. Apesar de já possuírem dois filhos eles decidem escolher mais um com o objetivo de tentar esquecer o passado e voltar a ter uma vida normal. Mas talvez Esther os tenha escolhido. Durante a trama, a menina parece ser uma garota normal de nove anos, mas com o desenrolar descobre-se que ela já possui trinta e três anos. E que passa a ter uma obsessão pelo pai adotivo e um ódio extremo da mãe. Até certo ponto no filme, as manifestações de maldade de Esther são apenas insegurança de quem está tentando se adequar ao novo ambiente. Por consequência, o fato de ela ser maltratada pelas outras crianças pode ser visto como instinto de preservação dos filhos diante da nova irmã.
Em relação ao gênero, o filme possui algumas matrizes dramáticas presentes na cena do parque em que Esther emperrou uma menina, cenas do espelho nas quais a câmera é objetiva e segue para os olhos do personagem, na morte do coadjuvante, a freira, e na morte de Esther. Além disso, a trilha sonora utilizada em algumas passagens transmite toques de terror.
Com o desenrolar do filme, pode-se perceber histórias paralelas que só são compreendidas nas cenas derradeiras: Esther, que se passa por uma criança indefesa, na verdade é uma mulher adulta. Sua real identidade é descoberta por sua mãe adotiva e passa a ser relatada.
Há diversas prefigurações, isto é, presságios do que está por vir. Esther, por exemplo, carrega consigo durante todo o tempo uma bíblia, a qual é revelada seu segredo