Análise do filme Beleza Americana e Complexo de Édipo

O filme Beleza Americana (1999) tem início contrapondo-se à grande maioria, que deixariam a informação da morte do protagonista bem guardada para um derradeiro e surpreendente final. Essa é a primeira de várias escolhas geniais que Sam Mandes aplica no filme, quando se desvencilha de uma possível conclusão convencional para se ater a outras diversas indagações e análises, que são os reais objetivos de seu texto. O filme surge como uma crítica intrigante à mistificação da „american way of life‟ ou „estilo de vida americano‟, que são uma série de práticas e representações e que, ao longo do século XX, foram fortemente propagandeadas e tiveram no cinema hollywoodiano uma reflexão privilegiada.
O „american way of life‟ é visto como a forma de vida a ser seguida pelo resto do mundo e de qualquer civilização razoavelmente industrializada, dedicada ao consumo. A desconstrução dos personagens atinge a valores tidos como essenciais na sociedade americana, dentre eles se destacam a família, o patriotismo exaltado, a estabilidade econômica, os valores de um país de moral conservadora. Utilizando-se de vários personagens, todos os valores morais vão sucumbindo, expondo a essência de cada um deles, livre das máscaras, entraves, vazios e contradições e à deriva da mesquinhez dos valores seculares. A crítica a esse modelo é sintetizada através do personagem principal. A sutileza com que Sam Mendes apresenta os personagens no decorrer de seu filme faz um paralelo com as famílias suburbanas americanas e ao
„american way of life‟ que, aparentemente perfeitas com suas belas e coloridas casas, jardins floridos, carros e famílias sorridentes, são emocionalmente vazias. O diretor analisa o „american way of life‟ mais de perto e o desconstrói, de acordo com o desenrolar da história, revelando tudo o que há por trás da fachada de aparente harmonia e beleza.
Na própria imagem da casa dos Burham, casa onde vivem os principais personagens do filme, chama bastante