Análise do Filme "Acorda, Raimundo... Acorda!"
E se as mulheres saíssem para o trabalho enquanto os homens cuidassem dos afazeres domésticos? Essa é a história de Marta e Raimundo no curta-metragem “Acorda, Raimundo... Acorda!”, uma família operária, seus conflitos familiares e o machismo vividos em um mundo onde tudo acontece ao contrário. Paulo Betti (que dá vida ao Raimundo) é um dono de casa, grávido, que vive oprimido por sua mulher (Eliane Giardini – que vive a Marta no curta). Ela trabalha fora e é a chefe da família enquanto ele toma conta das crianças e da casa. Essa “troca” dos ditos “papéis sociais”, apresentando a realidade cotidiana de forma inversa entre os sexos, reproduz a relação machista comum entre as famílias de trabalhadores brasileiros. Alguns exemplos dessa inversão podem ser vistos nas cenas em que a mulher chega em casa tarde da noite depois de tomar cerveja com as amigas de trabalho e nas cenas em que o dono de casa tem muita dificuldade para conseguir com a mulher alguns trocados para o mercado e para as necessidades das crianças. Apesar de ter sido apenas um sonho de Raimundo, o filme coloca em questão o que se entende nas relações de gênero. Ele surge para romper com as ideias já cristalizadas das pessoas sobre a relação homem-mulher e seus papéis dentro de casa, ou seja, acabar com o pensamento de que o homem deve ser o chefe da família e a mulher deve ser a que cuida da casa, dos filhos, da procriação, o que faz surgir novos questionamentos e debates em torno desse tema que sempre foi intrigante, mas que tem se tornando alvo de mudanças significativas.
O filme também se torna um caminho para se pensar as novas identidades que vem surgindo ao longo dos últimos anos, ou seja, as novas funções desempenhadas pelos agentes sociais dentro de um novo mundo globalizado.
Referências
Filme “Acorda, Raimundo... Acorda!” disponível nos