Análise do Conto A Cartomante de Machado de Assis
Depreende-se com a leitura do conto a tese defendida pelo autor quando suscita uma observação que Hamlet faz a Horácio, certamente a filosofia humana era incapaz de entender todas as coisas existentes no céu e na terra, demonstrando a urgência de explicar as relações entre os personagens de sua história. “Vilela, Camilo e Rita, três nomes, uma aventura, e nenhuma explicação das origens”. Os dois primeiros eram amigos de infância, a última era esposa do primeiro e a princípio amiga do segundo, mas como o ser humano é falho, esta amizade cede lugar a um algo mais, que ia além do moralmente aceito como certo. “Adeus, escrúpulos”. Segundo Machado, a culpa foi dela, sedutora e enganadora. Machado dá a entender que essa história poderia não acabar bem, mas logo em seguida leva o leitor a considerar o contrário por causa das revelações feitas por uma cartomante do decorrer da narrativa. Assim, o contista é extremamente enfático quando apresenta reflexões filosóficas provando que há certamente muito para ser descoberto ainda. Dois homens e uma mulher, certamente algo não ia acabar bem. Ou como a própria Rita dizia, havia muita coisa “misteriosa e verdadeira neste mundo”. É nesta busca do verdadeiro que Rita e logo em seguida Camilo, rendem-se à curiosidade de consultar uma cartomante. Rita mostra-se aberta às superstições e crendices, Camilo não, apresenta-se a princípio com um descrer construído por cima de tudo que aprendeu na infância e fora soterrado na juventude.