Análise de “Alma minha que te partiste”
Alma minha gentil, que te partiste
Tão cedo desta vida descontente,
Repousa lá no Céu eternamente,
E viva eu cá na terra sempre triste.
Se lá no assento etéreo, onde subiste,
Memória desta vida se consente,
Não te esqueças daquele amor ardente
Que já nos olhos meus tão puro viste.
E se vires que pode merecer-te
Alguma cousa a dor que me ficou
Da mágoa, sem remédio, de perder-te
Roga a Deus, que teus anos encurtou,
Que tão cedo de cá me leve a ver-te,
Quão cedo de meus olhos te levou.
Tema:
O tema deste soneto é a tristeza que o sujeito poético sente por ter perdido a sua amada demasiado cedo.
Estrutura:
Externa:
Trata-se de um soneto estruturado em quatro estrofes, sendo duas quadras e dois tercetos com um total de 14 versos e o esquema rimático ABBA//ABBA//CDC//DCD. As quadras apresentam rima interpolada e os dois tercetos rima cruzada.
Os seus versos são decassílabos, contendo 10 dissílabas poéticas onde os decassílabos são heróicos acentuados nas 6º e 10º silabadas.
Interna:
O soneto divide-se em 3 partes:
Na 1º parte constituída pela primeira quadra, o sujeito poético conta o que aconteceu, que a sua amada foi embora desta vida muito cedo invocando-a pela apóstrofe “Alma minha gentil” e revelando logo no primeiro verso com o verbo “partir” que esta morreu.
Na 2º parte, que consiste na segunda quadra e no primeiro terceto, este lamenta a sua morte e faz um pedido para que ela não o esqueça “Não te esqueças daquele amor ardente” onde realça também a sua paixão por ela e diz que ficou “doloroso, magoado e sem remédio” depois dela ter morrido e que faz parte dele fisicamente e psicologicamente porque depois de a perder ficou “sem remédio”.
Por fim na 3º parte que encontra-se no último terceto, o sujeito poético relembra a sua insatisfação pelo facto do destino ter levando a sua amada muito rapidamente e pede á ela para pedir a Deus para que também ele morra