Análise de "O gato preto" segundo "O Alienista"
Escolhemos para ser preso na Casa Verde o narrador-personagem do conto “O gato preto”, de Edgar Allan Poe. O protagonista seria preso por Simão Bacamarte na Casa de Orates, por apresentar características que o enquadram no primeiro critério utilizado pelo doutor – que todos que apresentem um comportamento anormal e incoerente em relação aos padrões sociais são considerados loucos. “A razão é o perfeito equilíbrio de todas as faculdades; fora daí insânia, insânia e só insânia.” (Capítulo IV – Uma teoria nova, O alienista). Primeiramente, a personagem apresentou uma mudança brusca de atitude e temperamento, que fez com que se tornasse violento com as pessoas e os animais ao seu redor. “De dia para dia me tornava mais taciturno, mais irritável, mais indiferente aos sentimentos dos outros. Permitia-me usar de uma linguagem brutal com minha mulher. Com o tempo, cheguei até a usar de violência.” (5º parágrafo, O gato preto). Toda essa mudança, segundo os próprios relatos, é devido ao alcoolismo, que é compreendido como a doença que tomava conta dele. Daí em diante, o narrador relata uma série de acontecimentos e ações que demonstram sua perversidade e o total desequilíbrio mental, os quais foram: arrancar o olho do seu gato preto e enforcá-lo; ver a imagem de um enorme gato composta por estilhaços de um incêndio ocorrido na casa dele; matar a mulher dele com um golpe de machado na cabeça; enterrar o corpo de sua esposa na parede; contar que, na visita dos policiais, o gato, que apareceu sem explicações junto a cova que escondia o corpo, o denunciou com um grito; e, por último, por ter afirmado no início da história que não estava louco e que as sequências de ocorrências em seu relato eram normais, caracterizadas por causas e efeitos. Além de descrever minunciosamente todos esses fatos, o narrador afirma que foi movido por terror. Dessa forma, pode-se assemelhar o caso de Crispim Soares,